O caso Léo Lins.

          



             Ontem, dia 18 de maio de 2023, assisti a um vídeo no Tik Tok do humorista Léo Lins fazendo piadas cujo teor nem sei classificar de tão erradas que achei que se tratava de alguém o criticando por atos do passado. Eu custei a entender o que estava acontecendo. 


                 A princípio achei que era algo antigo, um típico show de stand up "gentiliano" do início do século. Naquela época era comum absurdos racistas, homofóbicos etc ganharem a mídia impunemente. Mas até mesmo para aquela época achei que as piadas do referido vídeo eram muito pesadas. Assisti, achei um absurdo e só no dia seguinte, 19 de maio, fui checar e me choquei. O negócio é atual! Trata-se de um show de Léo Lins chamado “Perturbador”. Realmente, título perfeito.

                    São tantos absurdos nessa história que eu não sei por onde começar. Primeiro, esse humorista é muito abusado. Ele já sofreu várias represálias por piadas de teor criminoso e em pleno 2023 o sujeito vai e me faz um show daqueles. O negócio é extremamente grotesco, nem o pior tiozão ébrio no pé sujo mais inócuo e desclassificado pensaria em zombar das coisas que aquele cara utilizou para fazer “humor”. Coisa que eu ouvi e fiquei assim, “meu, é sério que esse cara disse isso?” 

                   Imediatamente me indignei com o fato de que teve gente que o defendeu da decisão judicial de retirar o referido show da internet. Outro comediante, até respeitado, foi o Fábio Porchat. Espera aí, não foi um show que ficou no teatro e alguém desautorizado gravou. O sujeito parou, pensou, elaborou aquele texto, o apresentou, filmou e publicou na internet. Falas criminosas, que tiram sarro da escravidão e brincam com crimes como pedofilia. E ainda teve gente defendendo a “liberdade de expressão”. 

              Mas após essas impressões sustentadas em informações objetivas rememorei o ato de assistir o vídeo e me lembro de ter percebido o pior, a platéia gargalhando de um sujeito que acha divertido uma situação de violência contra um vulnerável. Reitero, uma platéia inteira. Ninguém alí tinha filho?

           Não é questão de ser hipócrita ou crucificar Léo Lins. Ele não soltou uma gafe numa conversa incidental. Ele não estava improvisando. Foi tudo muito bem pensado. Fazer piada com o caso da Boate Kiss me parece cruel. Fazer uma brincadeira impensada já é passível de advertência. Mas elaborar e insistir em contar essa piada é algo sádico.

             A decisão da juíza Gina Fonseca Corrêa não é de forma alguma censura. Foi uma punição até suave para um reincidente. Mas me pergunto no quão esclarecedor e perturbador foi o show “Perturbador”. Uma boa parte da sociedade brasileira acha graça de tudo aquilo e isso sim é perturbador.



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