Que
colecionador nunca foi afrontado por alguém que o acusou de infantilidade?
“Crianção”, “não teve infância”, ou “o que que você faz com esses bonequinhos?
Brinca?” como eu mesmo tive que ouvir. Ou seja, é normal os alheios ao
colecionismo, e às vezes até mesmo os colecionadores, não conseguirem discernir
precisamente a diferença do apreço que um colecionador tem por um item do gosto
que uma criança tem pelo brinquedo.
E nós amigos,
colecionamos brinquedos. Não como uma criança, mas com temas, escalas
definidas, representando ideais e concepções ideológicas. Um colecionador dito
“sério” possui tema e escolhas. Não acumula, não junta tudo num canto, ele cataloga,
classifica, separa, organiza. Daí as escalas e temas, histórias e todos os
demais aspectos que definem um tipo de coleção.
Segundo o
pediatra Daniel Becker a criança não faz tal controle da brincadeira ou dos
brinquedos. Ela sonha, cria universos e pouco se importa com os valores
adultos. Ela não se preocupada com arranhões, batidas, partes perdidas, ela
quer brincar. Diferentemente do colecionador, a brincadeira da criança não é
controlada.
Escala, qual o
quê, a criança combina seus brinquedos no seu universo particular, criando um
mundo de infinitas possibilidades. As vezes a criança pretere o brinquedo por
outros objetos que nada teriam a ver com suas ambições lúdicas, ela só quer se
divertir. Um fruto, um graveto, talher de cozinha, uma ferramenta, um boneco se
rosto, um carrinho velho, qualquer coisa cabe no baú, ou caixa, ou sacola de
brinquedos de um menino ou menina. Isso em nada tem a ver com o que faz um
colecionador.
É por isso que
nós colecionadores temos poucos itens de nossa infância, pois brincamos com
eles. Poucos sobreviveram, e praticamente nenhum sem “sequelas” da imaginação
fértil. Brinquedos danificados e mentes saudáveis são algumas das
características de um adulto são. Alguns desses adultos passam a nutrir apreço
por esportes, carros, consumos como charutos, bebidas, por vestuário e etc. Já,
nós amigos, somos aqueles que escolheram ocupar suas mentes e alimentar seus
sonhos com personagens de quadrinhos, filmes, desenhos animados.
Por isso somos
colecionadores, com algo de menino, ou menina é verdade, mas infelizmente sem a
suavidade e alegria infantil. Para bem ou para mal, felicidade ou tristeza fato
é que o colecionador comumente não brinca como uma criança, ele segue regras e
princípios que transformaram seu baú de brinquedos em estante de hobbie.
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