Convenceram o povo a não estudar...

         


        Convenceram o pobre a não estudar. Lá nos anos 1980 e 1990 era notório entre todos que para ter um bom emprego e salário tinha que estudar. Meninos e meninas que não estudavam eram ridicularizados. Tudo somava para isso. Havia até uma série de filmes de comédia chamada “Os Nerds” que valorizava as virtudes daqueles que estudavam. Mas hoje o quadro é outro, por incrível que pareça vejo os jovens acreditando que estudar é perda de tempo e que eles se darão muito bem sem faculdade.

        Jovens que não querem saber. 



            
A manchete só ratifica o tácito, a crença por parte da juventude não só que fazer uma faculdade é desnecessário bem como é perda de tempo. Para a massa da geração Z o grande negócio é terminar a instrução obrigatória, a educação básica que se encerra com o ensino médio, e cair no mundo do trabalho. Sem reflexão crítica, atitude amparada pela música, entretenimento, falta de disciplinas que estimulem o pensamento crítico etc, esses néscios caem no conto de fadas do empreendedorismo, do investir e ficar milionário, ou de enriquecer produzindo conteúdo virtual (para não mencionar outros meios nefastos de se ganhar dinheiro). Sempre há uma história inspiradora daquele que só com o primário trabalhou duro, empreendeu e ficou rico. Como já disse, um conto, uma ficção. Esse abismo se aprofunda mais ainda com a postura de autoafirmação estimulada atualmente. Pessoas cheias de certeza, que acreditam excessivamente em si, que se auto afirmam tanto a ponto de serem incapazes de na idade adulta reconhecer que erraram para tentar recomeçar e fazer um curso superior. É óbvio que essa última justificativa é deveras raza. Como esperar a perspectiva de fazer uma faculdade de um indivíduo mau formado na escola, que foi “empurrado” ano após ano e jogado no mercado de trabalho analfabeto funcional. Aí não é nem só questão de escolha, é um destino trágico planejado com esmero por um sistema que produz massa.



    Mentira com pernas longas.


Essa é obviamente uma mentira propagada por aqueles que se viram ameaçados pela ideia de ter uma classe trabalhadora educada. Alta burguesia, classe média temerosa de concorrência ou políticos, não é esse o objetivo mas o fato é que essa mentira colou. No imaginário do brasileiro vencer na vida é não ceder às mentiras da ciência, a depravação do ensino superior nas perigosas universidades públicas, repletas de drogados, e lutar com seu trabalho. Puros, livres das mentiras da ciência e com uma fé pia inabalável o brasileiro vem abandonado o objetivo de fazer faculdade piorando ainda mais o miserável índice de estudantes de nível superior. 


Dados da deseducação.

Segundo o IBGE em 2024 apenas 20,5% dos brasileiros na faixa etária dos 25 anos tinham ensino superior completo. Em 2015 esse número era de 25%. É alto índice decrescente. A ideia tola é que não precisa de estudo para “vencer na vida”. Líderes políticos enfatizam isso, como o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas que disse “diploma tem cada vez menos relevância”.


A realidade é outra.

Não precisa de muito esforço para constatar que o diploma de nível superior abre portas e leva a uma renda maior. Se pegarmos números a média salarial de quem não tem nível superior é de R$ 2.291,00 por mês. Na região sul a média de quem tem faculdade é de R$ 3.208,00 no ano de 2025. A variação chega a 156%. Essa diferença veio caindo historicamente. Mas, nos últimos anos voltou a subir. O que vem causando o aumento da desigualdade salarial entre diplomados e sem faculdade? Oferta e procura. O número de pessoas com nível superior que chegou a ensaiar um avanço vem retrocedendo. Há uma escassez de mão de obra especializada e o aumento da oferta daqueles sem curso superior.


E a crise de mão de obra se aprofunda.

É fato que o Brasil sofre uma crise de mão de obra. Mas a escassez de trabalhadores que cursaram uma faculdade é bem maior do que de mão de obra não especializada. Parece que o plano vem dando resultado. O povo basileiro opta por não estudar e lutar romanticamente para “vencer na vida”.


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